É lógico que certas anomalias que vêm ocorrendo no tecido social de nossa cidade merecem passar por um crivo de apreciação e se tornarem públicas e esclarecidas. Esse é o intuito dessa reflexão. Notemos o que tem a nos acrescentar sobre esse tema o renomado professor de direito, política e filósofo Norberto Boblio (1909-2004). “Dizer que os homens são diferentes entre si é um juízo de fato, mas, a partir disso, não existem elementos que fundamente juízos de valor que considerem um grupo de homens superior a outro. É precisamente essa diferenciação valorativa que costuma servir de base à discriminação, à exploração, à escravização ou à eliminação de um grupo social por outro.”
A esse respeito faz-se necessário que nos reportemos a Holanda (1999, p. 919), “fobia. [Do greg. - phobia, medo, como no Gr. Hydrophobia – gr. fhóbos (como hidrofhóbos) – gr. fhóbos, ou, ‘ação de pôr em fuga’; ‘medo’, - gr. phébesthai, ‘espantar-se’, ‘fugir’.] El. Comp.= medo intenso ou irracional; medo mórbido; aversão instintiva; hostilidade instintiva’ aerofobia, claustrofobia, enofobia, ergofobia, neofobia, nictofobia, nosofobia.”
É notório que sabemos que existem aqueles que possuem aversão aos homossexuais ou ao homossexualismo (homofobia). Existem ainda pessoas que praticam a xenofobia, que é a aversão aos estrangeiros, e toda sorte de preconceito que são ações que se manifestam totalmente contrárias à ética e ao conjunto de leis que regem o Estado de Direito. No que se refere ao preconceito social, o mesmo é uma forma de fenômeno que emerge da divisão das classes sociais. Essa intolerância consiste em uma crença de que as classes menos abastadas são inferiores às que possuem mais bens e um denominado “status social”.
É óbvio que existem algumas pessoas em nossa cidade, felizmente uma minoria, que possuem verdadeira aversão àqueles que estão ascendendo na pirâmide social. Muitos destes, em seus meios de socialização, chegam a fazer chacota daqueles que porventura poderão ocupar espaços nobres de nosso município. Entre estes, a pessoa de nome F. afirmou que não desejaria observar Chevette transitando em frente a sua residência e o senhor de nome H. confidenciou para amigos que não gostaria de ter pobres como seus vizinhos. Com qual nome poderemos nomear esse tipo de postura? É óbvio que nunca observamos na história de nosso país tanta gente das classes menos abastadas podendo ter acesso a bens que até então eram privilégio somente das elites tubaronenses. Como exemplo, disso pode-se citar a compra do primeiro carro novo, do apartamento no centro, etc.
Portanto, podemos frisar que isso tem incomodado determinadas pessoas que persistem em terem atitudes gananciosas, egoístas e que desejam pensar o município de Tubarão somente para si. O seu ódio é tão extremo e mesquinho que não querem e estão usando todos os tipos de artifícios e recursos em conluio com instituições do Estado numa manobra articulada, com alguns segmentos políticos e autarquias para que o processo de desenvolvimento de nossa cidade não se cristalize.
Francis Bacon (1561-1626) já afirmava que o dinheiro é como esterco, quanto mais espalhado melhor, e é isso que o governo central vem procurando fazer com o intuito de construir um país para todos e não apenas para uma minoria que persiste em querer fazer com que o desenvolvimento caminhe na contramão e apenas as elites continuem a se perpetuar no poder em detrimento da sonegação dos direitos da maioria.
Se as autoridades não pensarem a cidade no sentido da verticalidade, vislumbrando as facilidades que estes tipos de moradia proporcionam, isso nos remete a um atraso e a um caminho percorrido pelos desinteligentes, uma vez que vai na direção oposta daquilo que os grandes centros vêm retomando, que é o retorno da ocupação das áreas centrais, permitindo uma mais adequada organização do espaço geográfico na busca da qualidade de vida das pessoas.
Finalmente, podemos acrescentar que essas construtoras que mediam o desenvolvimento são geradoras de empregos e fomentam a distribuição de riquezas abrangendo a profissão de pedreiros, carpinteiros, ferreiros, pintores, engenheiros, arquitetos, marceneiros, corretores de imóveis e demais indústrias correlatas que aquecem esse segmento. Fora isso, podemos acrescentar também que estas incorporadoras realizam, por preços módicos, o sonho da casa própria ou apartamento que até então era aparentemente inalcançável às classes menos abastadas.
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