O sítio urbano de um espaço sobre o qual se reúnem, naturalmente, ao longo dos anos, as condições que determinam o crescimento e desenvolvimento de uma urbe, pode também direcionar esta à vocação de cidades horizontais, verticais ou mistas.
Cidades que se desenvolvem horizontalmente são urbes cuja malha urbana se espraiam em direção aos horizontes, condenando essas a obterem, no interior de seu espaço, áreas de urbanização consolidada distantes do centro. Portanto, a população citadina residente nestes espaços periféricos e outros, de maior sofisticação, tendem a viver o dilema de se deslocar por distantes quilômetros para obter o acesso à cidade. Refiro-me aqui à cidade onde as coisas acontecem, onde estes espaços socioespaciais, caracterizados pelo geógrafo alemão Walter Cristaller como centros de acumulação e fornecimento de serviços, se expressam da forma mais evidente.
Para tanto, estes espaços centrais das urbes vocacionadas a uma configuração horizontal não conduzem à parcela de sua população que reside nos espaços periféricos a benesse do urbanismo, identificada pelo filósofo francês Henry Lefebvre como Le dróit a La ville, ou seja, o direito à cidade. Portanto, a horizontalização dos espaços sociais que configuram as cidades tende naturalmente a acentuar a segregação socioespacial urbana, privando as populações suburbanas do acesso aos serviços que se configuram nos centros urbanos.
Muitas cidades brasileiras, em especial as grandes áreas metropolitanas, têm-se rearranjado e constituído subcentros, que são pequenas áreas centrais localizadas na periferia da urbe. Contudo, esta forma peculiar de configuração urbana se faz valer apenas aos grandes centros urbanos, não se verificando esta morfologia urbana em cidades de médio e pequeno porte como as que compõem a rede urbana catarinense.
Assim, a verticalização do espaço intraurbano se integra mais facilmente às premissas da sustentabilidade socioambiental, em face aos seguintes aspectos:
- Reduz a segregação socioespacial que conduz parcela da população urbana a ser marginalizada, excluída e esquecida pelo poder público nos espaços periféricos e periurbanos;
- A verticalização das cidades reduz o espaço de abrangência da área urbana consolidada, portanto, deve o poder público se presenciar com fornecimento de infraestrutura, saneamento básico e fornecimento de equipamentos urbanos;
- No caso de cidades de pequeno e médio porte, a verticalização concede à urbe características de cidades grandes, o que, de acordo com a Psicologia Ambiental, faz as pessoas se sentirem dotadas de maior urbanidade;
- A verticalização conduz parcela considerável de sua população a optar por alternativas de locomoção que não sejam os veículos automotores, devido à proximidade dos equipamentos urbanos e dos centros fornecedores de prestação de serviços.
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